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Reflexões e reverberações acerca do fazer antropoético.

Reflexões e reverberações acerca do fazer antropoético.

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Daniele Borges Bezerra Cláudia Turra Magni

“Reflexões e reverberações acerca do fazer antro(po)ético” é um projeto de Pós-Doutorado que visa expandir e diversificar experimentações desenvolvidas desde 2008 no LEPPAIS/UFPel (Laboratório de Ensino, Pesquisa e Produção em Antropologia da Imagem e do Som, Universidade Federal de Pelotas). O foco de nossa atenção aqui são as oficinas de discussão, leitura, fotografia, colagem, desenho, som, audiovisual, manipulação digital, bordado, instalação, entre outras práticas e formas de expressão “indisciplinadas” que colocam em evidência a incontornável reflexão sobre a “performance” (DAWSEY, 2005) do pesquisador, seja durante suas interações em campo, tratamento de dados ou restituição social da pesquisa. Confiantes no caráter inventivo das culturas, assim como no da Antropologia (WAGNER, 1975), estas experimentações convidam-nos a investir em narrativas híbridas, sensíveis a diferentes modos de estar no mundo, sem negligenciar silêncios, emoções, formulações inacabadas e elementos indizíveis próprios do encontro etnográfico.

 

Nesse contexto ecológico de interação entre humanos, não-humanos e ambiente, visamos à educação da atenção (INGOLD, 2016), da percepção e dos sentidos para a elaboração de etnografias “multissensoriais” (NAKAÓKA, 2019). Para tanto, recorremos, por exemplo, à fotografia enquanto uma primeira “pele” (SAMAIN, 2012), uma refração da realidade (BEZERRA, 2019) e um evento, capaz de ressoar e desdobrar-se em múltiplas montagens e remontagens (BRUNO, 2010) que distendem o tempo, como no cinema de Eisenstein. Já através do desenho (KUSCHNIR, 2016; AZEVEDO, 2016) e do bordado, fruto da ficção participante no universo (etno)grafado, percebemos relações agenciadas por subjetividades, gestualidades e temporalidades partilhadas. Outro destaque é a instalação visual e sonora, que condensou atividades coletivas, incitando a necessidade de pensarmos novos formatos de contra-dádiva da pesquisa antropológica junto a nossos interlocutores e à sociedade mais ampla. Podemos, assim, compreender o fazer antropoético em múltiplas camadas, como um processo inacabado e imaginativo, gestado por práticas de correspondência (INGOLD, 2016) em trabalho de campo e busca de modos alternativos de extroversão das experiências vividas e compartilhadas ao longo da pesquisa.

 

Na confluência de um campo de pesquisa contemporâneo, “experimental” (CARDOSO DE OLIVEIRA, 2006), vinculado à “antropologia visual e da imagem” (MEAD, 1979; PIAULT, 2000; NOVAES, 2004), tanto quanto à “antropologia das emoções” (REZENDE e COELHO, 2010) e à “antropologia dos sentidos” (CLASSEN, 1997; LE BRETON, 2016), mas ainda à “antropologia da vida” (INGOLD, 2000; BATESON, 1972), a relevância deste projeto consiste em pensar e propor outras epistemologias para o fazer antropoético.
 

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